/// À porta deste fim de semana mais comprido, desta vês, José Manuel Santinhos
é lembrado com um trabalho não brejeiro como tem tantos, mas de queixume e tristeza,
a mostrar que a sua versatilidade era bem abrangente. Desejo a todos um óptimo
fim de semana, quer tenham a sorte de o poderem gozar ou tenham que o passar
Dos parvos lá do meu sítio
Estou em primeiro lugar
O gozo é bom e bonito
E anda um parvo a trabalhar
I
Quando vou com a minha enxada
Os meus trabalhos marcando
Enquanto uns andam estudando
Para não fazerem nada
E dizem-me em voz magoada
Às vezes até me irrito
Ver-me só a cavar chão
E considero-me o campeão
Dos parvos lá do meu sítio
II
Sou eu quem se levanta cedo
Dou início à minha lida
E os bravos perigos da vida
Ir enfrentá-los sem medo
O saber é um segredo
Que ainda não pude alcançar
Levo o meu tempo a estudar
Os tempos livres são poucos
Na fileira dos bacocos
Estou em primeiro lugar
III
Eu vivente apaixonado
Gostava de ser mais feliz
Dees prazer ao país
Em que nasci e fui criado
Um português arraçado
Sem nada de esquisito
Se reinasse o meu palpite
Não reinavam só os gordos
Devia chegar para todos
Se o gozo é bom e bonito
IV
Porque tanto se reza
Se na onsciência pesa
É o que está para fazer
Ninguém vive sem comer
Sem pão não podem passar
E os que ensinam a rezar
Não pensam fazer jejum
E não querem fazer nenhum
E anda um parvo a trabalhar
(José Manuel Santinhos)